Universitárias desenvolvem tijolo ecológico no AM

Universitárias desenvolvem tijolo ecológico no AM

Manaus –  As estudantes de engenharia química Marina Simpson, 24 e Kéllen Caroliny, 26, arquitetura e urbanismo, desenvolveram um produto inovador com materiais regionais que pretendem revolucionar o mercado dos tijolos com atitudes sustentáveis.

A criação partiu de uma ideia, criar tijolos que fossem acessíveis para a população. Segundo as estudantes que desenvolveram o projeto, com a orientação dos professores Dr. Newton Silva de Lima e Fernando de Farias Fernandes, o público-alvo é a população ribeirinha.

Matéria-prima do tijolo

Os tijolos produzidos pelas acadêmicas são feitos de materiais orgânicos reutilizáveis como o ouriço de castanha, muito comum na nossa região. E elas desenvolveram o produto ao perceberem as necessidades da região e as propriedades do material.

Solo-cimento é o material obtido pela mistura de solo, cimento e água. Na produção do tijolo é adicionado o ouriço da castanha carbonizado. A escolha, segundo as estudantes partiu do conhecimento da avó de uma das alunas que fazia carvão a partir da queima dos ouriços, com isso o grão do material vira uma espécie de areia que se assemelha a composição dos tijolos convencionais.

As fases consistem na obtenção do material orgânico, na criação dos tijolos de 10%, 15% e 20% e por último, no terceiro estágio, os testes físicos de resistência e ruptura.

“É sustentável e ecológico”

O projeto é sustentável, pois não polui o meio ambiente, utiliza pouca água e esta retorna para a atmosfera de forma limpa. Ele foi desenvolvido, segundo as alunas para diminuir os impactos ocasionados pela construção civil e maior acessibilidade para a população.

O desenvolvimento do projeto tem base nos tijolos Adobe, material composto por água, areia, terra crua, fibras naturais (esterco de gado) e palha. O uso desse tijolo traz economia, benefícios ao meio ambiente e ainda é possível encontrar construções no Brasil com essa matéria-prima.

As estudantes basearam os estudos no “tijolo verde” e aprofundaram a criação do material a partir de uma matéria-prima rica na região amazônica. Quando desenvolveram o projeto perceberam também que a cura (processo de endurecimento) não precisa de queima, pois é espontânea.

‘A inovação ganha admiração e curiosidade’

Com apenas seis meses, as estudantes apresentaram o projeto no Simpósio Amazônico de Química (SIAMQUI), no estado do Pará, no mês de junho deste ano. No primeiro momento, o tijolo sustentável ganhou admiração por se tratar de um produto ecológico  e ao mesmo tempo acessível.

“Defendemos nosso projeto em um simpósio, causou grande impacto e uma vasta curiosidade de todos. Nosso propósito na divulgação é beneficiar a população com as nossas pesquisas, demonstrar e valorizar o Amazonas”, conta Marina Simpson.

Os tijolos estão em fase de análises químicas e físicas, mas a ideia é que o material seja mais barato que os modelos de tijolos convencionais e acessíveis para todos os clientes.

O trabalho pertence ao grupo independente Guayi- Hacker Club e vem desenvolvendo outros dois projetos sustentáveis, a primeira bicicleta de madeira do Amazonas L500 e a telha ecológica.

Marina conta sobre a satisfação de produzir no ambiente acadêmico e ver resultados que podem mudar o rumo das construções.

“Todos se admiram do projeto e para nós já é muito gratificante. Nós precisamos valorizar as matérias orgânicas regionais que possuímos no Amazonas, somos privilegiados com  vasta diversidade. Queremos mitigar o impacto civil e ajudar as pessoas que moram em casas precárias. O mais importante é mostrar que um aluno de faculdade particular e bolsista é capaz de agregar valor na iniciação científica”, ressalta a estudante.

Kéllen Nunes comenta que o trabalho em equipe foi primordial e destaca a importância de desenvolver no meio acadêmico iniciativas como essas.

“Está sendo uma experiência inovadora. Queremos investir na sustentabilidade com o ouriço de castanha carbonizado. Os resultados têm sido surpreendentes, estamos felizes por fazer algo que pode mudar a vida das pessoas. Nós somos de faculdade particular e sim, somos envolvidas e engajadas com pesquisa científica”, ressalta.

 

Fonte: Em Tempo.