A versão sustentável da construção civil
A relação entre a construção civil e o meio ambiente nunca foi das mais fáceis. O setor, um dos pilares da atividade econômica brasileira, é responsável por cerca de 40% (em massa) dos resíduos produzidos nas grandes cidades, além de consumir volumes consideráveis de água e energia durante a construção e operação de edifícios. Diante do impacto, torna-se necessária a aplicação de práticas para reduzir os impactos ambientais, buscando alternativas para a reutilização de recursos, geração de energia renovável e usos mais sustentáveis.
No Ceará, a sustentabilidade já é adotada no setor há algum tempo, por meio de certificações que possuem critérios de normas ambientais. O Estado inclusive tem o primeiro prédio comercial do Norte e Nordeste com foco em sustentabilidade, com o selo Leadrship in Energy and Enviromental Design (LEED) na categoria Silver (Prata), concedido pela ONG norte-americana US Green Building Council (USGBC) ao edifício LC Corporate Green Tower, da Luciano Cavalcante Imóveis, em 2015.
Segundo o Sindicato das Construtoras (Sinduscon-CE), dentre as ações “verdes” no Ceará estão o cuidado com o meio ambiente, que deve englobar todo o ciclo de vida de uma construção, incluindo projeto, execução da obra, operação, manutenção, renovação e demolição.
A C. Rolim Engenharia, por exemplo, possui quatro empreendimentos residenciais com certificações ambientais para edifícios no Ceará. Dois já foram entregues (Paço das Águas e Terraços do Bosque) e dois continuam em construção (Sinfonia e Estrelário). Conforme Angela Saggin, coordenadora Lean & Green da empresa, mesmo sem certificado, os demais empreendimentos possuem atributos sustentáveis que buscam manter o padrão greenbuilding.
Dentre as principais ações da C. Rolim, estão a redução de consumo de água nos edifícios, por meio do uso de arejadores nas torneiras, reguladores de vazão nos chuveiros e bacias sanitárias com duplo acionamento (3 e 6 litros), além do controle no consumo de energia nas áreas comuns. Segundo Angela, o “desenvolvimento de projetos que favoreçam a iluminação e ventilação natural dos ambientes” também é fundamental.
Durante a execução do projeto, há iniciativas para reaproveitamento dos resíduos no canteiro de obras e para reciclagem de materiais como papelão, plástico e metais, além de reaproveitamento de água e armazenamento de produtos químicos. “Existe um mito de que construir edifícios verdes é mais caro que edifícios convencionais, mas esse investimento irá variar de acordo com as soluções adotadas. O custo de operação e manutenção é reduzido no longo prazo”, pondera Angela.
Quem também tem adotado práticas sustentáveis em seus imóveis no Ceará é a MRV Engenharia, que atua em mais de 160 cidades do Brasil. Segundo a empresa, desde 2015 foram implantados, em todos os seus empreendimentos, os selos MRV Verde e Obra Verde MRV, que estabelecem como obrigatoriedade ações de sustentabilidade como reúso de água, utilização de madeira certificada, implantação de bicicletário, iluminação natural em áreas de lazer, coleta seletiva, lâmpadas de baixo consumo, dentre outros.
Conforme a especialista em sustentabilidade da MRV, Thais de Morais, um ponto importante e estratégico da companhia também é o trabalho realizado para mitigação das mudanças climáticas. “Todos nossos apartamentos, empreendimentos, lojas e escritórios são carbono neutro. Possuímos metas para nossos colaboradores e presidentes para redução das emissões anuais de carbono”.
Thais alega que eventuais custos com as ações de sustentabilidade não tornam os imóveis mais caros para a aquisição dos consumidores. “O valor por ser sustentável não é repassado aos clientes, porém, automaticamente, é mais viável por gerar muita economia no longo prazo”. Ela cita os empreendimentos Liberdade, Felicidade e Diversão, ambos no bairro Maraponga, em Fortaleza, e o Eco Fit, no município de Eusébio, como exemplos de empreendimentos sustentáveis.
A empresa pode optar pelo nível da certificação: Bronze, Prata, Ouro e Diamante.
A certificação tem como principais objetivos:
Estabelecer diretrizes, parâmetros e métodos sustentáveis.
Maximizar a contribuição das construções e empreendimentos sustentáveis na qualidade de vida e sustentabilidade do Município, visando sua valorização nas instâncias: paisagística, urbanística, funcional, ambiental, cultural, estética e econômica.
Promover a harmonização entre os ambientes natural e construído ampliando os níveis de qualidade ambiental.
Contribuir para a construção de ambiência urbana legível e valorizada pela população local.
Contribuir para o desenvolvimento da cidade com baixa emissão de carbono.
Contribuir para a ampliação da cobertura vegetal da cidade.
Tornar-se uma ferramenta de sensibilização ambiental e educacional do Município.
Fonte: O Povo.