Confirma o que podemos fazer pela qualidade do ar
No dia 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente e, neste ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu como tema a poluição do ar. O objetivo da ONU é chamar a atenção para este grave problema que pode ser evitado pelo poder público e, também, com a ajuda do cidadão. Para isso, em primeiro lugar, precisamos saber qual a carga de poluentes contida no ar que respiramos.
As estações de monitoramento da qualidade do ar medem as quantidades de poluentes presentes em um determinado volume de ar. Mas, no Brasil, menos da metade dos governos estaduais realizam este acompanhamento, uma responsabilidade que compete a eles. Por isso, parte da população brasileira nem sequer tem meios para saber a qualidade do ar que respira. Para termos um quadro mais completo da qualidade do ar, é necessário que as autoridades responsáveis expandam as redes de monitoramento.
Na Plataforma de Qualidade do Ar, do Instituto de Energia e Meio Ambiente, é possível consultar a existência e a localização de estações de monitoramento da qualidade do ar e, ainda, pesquisar o histórico de dados registrados. Depois de saber como está o ar, é preciso identificar quais as fontes emissoras de poluição. Aí entram em cena os inventários de emissões atmosféricas, que nos indicam quem, o quê, quando e onde emitem poluentes. Sem isso é impossível planejar medidas de redução de emissões apoiadas sobre bases científicas. Por exemplo, o Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros no Município de São Paulo mostra que automóveis e ônibus são grandes responsáveis pelas emissões de material particulado e óxidos de nitrogênio, dois poluentes que causam danos à cidade. Entretanto, poucas cidades no Brasil têm inventários de emissões.
Geralmente, nos grandes centros urbanos onde há monitoramento e inventários, como é o caso de São Paulo, as evidências indicam que a má qualidade do ar está associada, em sua maior parte, às emissões de poluentes dos automóveis, ônibus e caminhões. Assim, duas maneiras possíveis e complementares de se reduzir as emissões são: tecnologias e fontes energéticas menos poluentes e transportar pessoas e mercadorias de modo mais eficiente, usando menos veículos automotores.
O uso de tecnologias e fontes energéticas menos poluentes vem sendo gradualmente implementado desde o final dos anos 1980 pelo governo federal, por meio do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE). Neste caso, os veículos elétricos tendem a ter um papel no futuro mais limpo, pois o PROCONVE está relacionado à aplicação de tecnologia. Já o transporte de pessoas e mercadorias de modo mais eficiente, diz respeito à mobilidade urbana e, portanto, ao cotidiano do cidadão.
Além de poluir mais, o crescente número de automóveis nas cidades tem levado ao aumento do tempo perdido em congestionamentos, à ocupação excessiva de espaços públicos e aos acidentes de tráfego. Com todos esses danos, o uso excessivo do automóvel pode e deve ser evitado. Assim, políticas públicas para a melhoria do transporte público e do transporte ativo como caminhada, uso de bicicleta e de patinetes melhoram a vida em coletividade nas densas cidades.
Fonte: Catraca Livre.