“O Brasil tem tudo para ser mais sustentável na moda”, diz presidente da Tecnoblu

“O Brasil tem tudo para ser mais sustentável na moda”, diz presidente da Tecnoblu

Em um setor que enfrenta alta concorrência não é fácil se destacar. A Tecnoblu, de Blumenau, empresa que oferece ao mercado produtos para conectar marcas ao consumidor final – no grupo de aviamentos – é um case de sucesso.

Com foco em inovação, excelência e sustentabilidade chegou aos 25 anos somando conquistas. Se tornou empresa Endeavor, foi convidada para expor nas feiras Mod’Amont e Denim byPremier, em Paris, foi uma das fundadoras do Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC) e participa de entidades importantes, entre as quais a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).

Para comemorar os 25 anos e discutir o futuro, os quatro sócios da Tecnoblu – o presidente Cristiano Buerger e os diretores Sérgio Pires, Edmur Polli e Daniel Altenburg – realizaram um evento terça-feira da semana passada (dia 5 deste mês), com debate sobre o futuro da moda e homenagem a colaboradores e parceiros.
Com atuação no Brasil e exterior, a empresa conta com 300 colaboradores diretos e cerca de mil indiretos.

Em entrevista para a coluna, o presidente Cristiano Buerger falou sobre o futuro, e chamou atenção para a sustentabilidade do jeans e para o potencial do Brasil no futuro da moda. Confirar:

Como a Tecnoblu chegou aos 25 anos e quais são os desafios para os próximos 25 anos?

-Chegou jovem, inovadora, responsável, sustentável, com foco no grupo, na indústria da moda, nas comunidades como um todo, em respeitar valores, em admirar bons exemplos. Nos próximos 25 anos deverá ser ainda mais inovadora, ainda mais jovem de espírito, mais conectada, mais digital, mas sem perder a essência.

E deverá ser ainda mais sustentável?

As pessoas avaliam sustentabilidade de várias maneiras. Eu avalio como vida. A gente tem um grande trabalho. As pessoas vivem na empresa muito mais do que nas suas casas e vivem bem. Quando a gente faz bem aos nossos clientes, bem para as comunidades, tem uma troca justa, sincera, honesta. Acho que tudo isso é sustentabilidade.

O setor têxtil é altamente competitivo…

Sim. É altamente competitivo e eu acho que é altamente injustiçado.

Por que é altamente injustiçado?

Porque a calça jeans é considerada o segundo produto mais tóxico do mercado, embora, hoje, há vários produtos no Brasil sendo feitos com menos de 30 litros de água no processo produtivo inteiro. Eu pergunto sempre o seguinte: quantas vezes a pessoa usa a mesma calça jeans sem lavar? No caso do homem, é de cinco a 10 vezes sem lavar. Quantas vezes a pessoa usa uma calça jeans? É de 600 a 700 vezes. É um produto muito ecológico. Se você divide o valor desse jeans pelo número de uso, ele é muito mais barato do que uma garrafa de água de plástico que a gente toma da forma mais tranquila possível.

O que vem aí para promover o jeans?

Nós somos um dos participantes e parceiros do projeto Denim City no Brasil, que é uma escola especializada em jeans. Será aberta, em abril, em São Paulo, e é a segunda escola de jeans do mundo. A primeira fica na Holanda e é nossa parceira.

A gente tem muito orgulho de ter um algodão cultivado com sol o ano todo e alta tecnologia. Temos tecelagens de ponta, fiações de ponta, milhares de pessoas que fazem tudo com muita tecnologia e amor. Temos empresas de tecnologia em Santa Catarina como a Audaces, que atende o setor.

Então você junta tudo isso, acredito que em 10 anos teremos o jeans mais sustentável do mundo, e muitos produtos de moda mais sustentáveis do mundo. É preciso comparar produtos comparáveis, quanto custa e como é usado o produto e onde será jogado após o uso.

Então já fazemos o jeans mais sustentável do mundo?

Eu acho que sim. Somos um país jovem, mas temos empresas têxteis centenárias. Nós temos em Santa Catarina algumas empresas centenárias. Isso é espetacular. Não tem 10 países do mundo com empresas de mais de 100 anos. Nós temos isso aqui. O consultor Carlos Ferreirinha destacou (no evento da Tecnoblu) a longevidade das marcas Fendi e Louis Vuitton. Precisamos respeitar isso.

Temos uma condição única de dizer para o mundo que a gente está preservando o meio ambiente. Nós estamos usando insumos da Amazônia e oferecendo produtos cada vez mais sustentáveis. Estou muito feliz em olhar para trás e ver como a gente amadureceu como empresa. Mas estou mais feliz em olhar para a frente e ver como o Brasil será importante para a indústria da moda. Não só moda, mas calçado, móveis, tudo o que envolve design porque somos muito respeitados.

O Brasil tem tudo para ser mais sustentável na moda. Acabei de voltar de uma feira na Europa com empresas de todo o mundo, muitas da Ásia. E todas eram sustentáveis. Eu quero saber quantas realmente são sustentáveis. Como cada uma cuida das pessoas e do meio ambiente.

 

Por: Estela Benetti/NSC Total.