Empresas investem em estratégias que unem sustentabilidade e negócios
Manaus – Com o desafio urgente de combinar sustentabilidade socioambiental à econômica, cada vez mais as empresas investem em práticas que promovam a conservação do meio ambiente, o uso equilibrado dos recursos naturais e a redução dos impactos de suas ações na natureza. Em Manaus, uma cidade amazônica por definição, nada mais natural que as empresas adotem políticas que protejam a floresta e contribuam para uma sociedade mais sustentável.
O EM TEMPO conversou com representantes de três grandes empresas presentes no Amazonas que investem em sustentabilidade para saber os desafios e impactos das ações socioambientais para a capital manauara.
O exemplo de casa
Associar combustível, considerado um dos grandes poluentes da natureza, a práticas sustentáveis pode parecer incompatível, e por isso mesmo o papel das companhias e distribuidoras de petróleo na conservação do meio ambiente deve ser questionado. A Atem, empresa amazônica do ramo de combustíveis, afirma saber os impactos que essa atividade tem para a sociedade, por isso atua para diminuir esses efeitos a longo prazo.
“A Atem está ciente de que sua atividade tem influência na sociedade, e esse é um fator determinante para promovermos ações visando minimizar os impactos causados ao meio ambiente e, assim, demonstrarmos nosso comprometimento com a preservação”, diz a analista da empresa, Sirbelle Souza, enfatizando que ser sustentável é um processo de aprimoramento.
“Visamos sempre exercer nossas atividades em harmonia, respeitando e preservando o meio ambiente para garantir nossa sobrevivência não somente como empresa, mas também como indivíduos”, reforça a analista.
Com sede em Manaus e presença nos Estados do Acre, Roraima, Rondônia e Pará, a Atem tem mais de 300 revendedores e se prepara para receber a certificação na norma ISO 14001/2015, que avalia se a companhia possui estrutura e comprometimento com as práticas de preservação ao meio ambiente e responsabilidade com o controle e monitoramento dos riscos ambientais.
Ao lado do cumprimento da legislação ambiental e iniciativas para utilização consciente de recurso, redução e descarte correto de resíduos, a Atem apoia o evento Grito D’água, um dos mais populares na limpeza de igarapés na capital manauara. A cada ano, o projeto reúne dezenas de voluntários que recolhem lixo de igarapés como o do Tarumã.
“A cultura e ações da consciência ambiental estão sendo implantadas. Estamos realizando controle e monitoramento e os resultados estão sendo satisfatórios”, avalia Sirbelle. “A Atem enxerga a sustentabilidade como um investimento. Investimos em tecnologia tanto nos processos quanto na infraestrutura, capacitando e promovendo treinamento para que todos realizem suas atividades de forma correta e segura, respeitando todas as etapas do processo e assim diminuindo os riscos ambientais que envolvem suas rotinas”, diz a analista.
Inovação sustentável
Presente em Manaus desde 1992, a Whirpool Corporation é a maior fabricante de eletrodomésticos do mundo, atuando com as marcas Brastemp, Consul e KitchenAid. De acordo com o vice-presidente jurídico da empresa, Bernardo Gallina, a sustentabilidade sempre fez parte da estratégia global da corporação.
“Aliamos sustentabilidade e inovação, ou seja, a Whirlpool atua sob o conceito de inovação sustentável a partir do desenvolvimento contínuo de produtos e processos cada vez mais eficientes. Para isso, a companhia investe 4% do faturamento anual em inovação e 23% da receita vêm de produtos inovadores”, informa Gallina.
Os esforços da Whirpool para reduzir os impactos ambientais passam por soluções como uso racional da água, eficiência energética e minimização de resíduos. Isso produz resultados significativos: de 2017 a 2018, houve uma redução em 35% de resíduos sólidos por meio de ações como uso de copos retornáveis, móveis de pallet, instalação de secador de mãos, por exemplo. Com reuso de água, recirculação interna e aproveitamento da água da chuva, houve uma redução de 8% no consumo de água no mesmo período. Já em energia elétrica, a fábrica conseguiu diminuir em 14% o consumo por meio de projetos de melhoria. A substituição de empilhadeiras tradicionais por elevadores de pallets elétricos reduziu os custos e eliminou cerca de 13 toneladas de emissões de CO2 anualmente em Manaus.
Desde 2015, a Whirpool em Manaus leva a marca de “aterro zero”, ou seja, não envia mais resíduos para o aterro da cidade. Os funcionários são incentivados a plantarem árvores nativas – o que resultou em 40 metros quadrados de áreas plantadas.
A preocupação com a educação ambiental da comunidade também está entre as pautas da Whirpoool. Exemplo é o projeto Caminhão – Conhecendo os ODS, que passou por Manaus em 2019 durante a Virada Sustentável, festival de conscientização ambiental. O objetivo foi conscientizar a população sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Cerca de 3,2 mil pessoas participaram das atividades.
Tantas conquistas, no entanto, não são suficientes para a Whirpool. “Estamos em fase de planejamento de algumas ações para 2020, mas posso adiantar que teremos novamente ações com a comunidade sobre os ODS, além de mantermos nossos compromissos relacionados à estratégia de sustentabilidade global da companhia”, garante o vice-presidente.
Metas superadas
Outra empresa com tradição na indústria amazonense, a Yamaha Motors produziu mais de 153 mil unidades em Manaus só em 2019. O desafio de gigante japonesa é alinhar a eficiência na produção de motocicletas e motores de popa à preservação da floresta amazônica. De acordo com o gerente de relações institucionais da fabricante, Afonso Cagnino, essa é uma missão compartilhada com os funcionários e clientes. “Todos os nossos funcionários conhecem nossos objetivos e atividades com relação a preservação do meio ambiente. Contamos que os nossos consumidores, cada vez mais atentos a isso, compreendem a agregação de valor à marca todo o esforço empregado na preservação ambiental”, afirma.
Há sete anos, a Yamaha adotou racks para transportar as motocicletas, substituindo as embalagens de aço. Isso evitou que 5,2 mil toneladas de metal fossem descartadas no meio ambiente. Água da chuva é captada para fazer o pré-tratamento das peças destinadas à pintura, otimizando o processo já que a substância tem um pH levemente mais baixo. A mesma água é usada nas descargas dos banheiros. Na fábrica, há espaços de convivência com móveis sustentáveis.
Outra iniciativa de reciclagem é a do óleo desmoldante usado no processo de preparação da matéria-prima das peças antes da fundição. Por meio de um dispositivo reciclador, o material é reaproveitado. Em 10 anos, foram 150 mil litros de óleo reciclado em Manaus.
O resultado dessas ações ultrapassou a meta estabelecida pela matriz da Yamaha de reduzir em 50% a geração de resíduos sólidos em sua produção até 2050. “A Yamaha na Amazônia atingiu, em 2019, a redução de 54% de resíduos. Atualmente, 93% dos resíduos gerados em nossa operação são reciclados, incorporados ou tratados, sendo que o restante é incinerado pois adotamos a política de zero aterro”, revela Cagnino.
Os bons resultados, no entanto, não detêm os esforços pró-sustentabilidade da Yamaha. “Estamos felizes, mas não satisfeitos. Prosseguimos com diversos trabalhos de análise para redução da emissão de gases e de geração de resíduos”, garante o gerente.
Outras iniciativas incluem um programa de educação de coleta seletiva para os funcionários da fábrica. O material recolhido é destinado a uma cooperativa de catadores de lixo que recicla papel, papelão, plástico, alumínio e outros. A estimativa é que 560 toneladas de resíduos deixaram de ir para o aterro de Manaus com a ação.
“Não faria sentido produzir uma motocicleta que atende de modo eficaz às determinações do Ibama no tocante à emissão de gases e sermos descuidados com o processo produtivo. O custo de ser sustentável se paga com a certeza de preservação da floresta”, defende o representante da Yamaha.
Fonte: Portal Em Tempo.