Por que o oceano é um aliado no combate à COVID-19?
Os microbiologistas do Instituto Oceanográfico Woods Hole descobriram as bactérias que destacam um papel fundamental para combater à COVID-19. Estas bactérias foram identificadas anos atrás e também são úteis para diagnosticar a AIDS e a Sars. A pesquisa, publicada no “Journal of Applied & Environmental Microbiology”, continua sendo de interesse na atualidade, pois o oceano é um aliado real contra o vírus.
A oceanógrafa e pesquisadora da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Francesca Santoro, explicou que o ambiente marinho é muito rico do ponto de vista da biodiversidade. “Ainda estão para ser descobertos recursos úteis para a vida cotidiana dos seres humanos. O oceano profundo já nos deu compostos para tratar câncer, inflamação e danos nos nervos. Os avanços também vieram das profundezas do oceano na forma de elementos de diagnóstico. O oceano é um aliado no combate ao vírus. Ele ajuda não apenas na detecção, mas também no combate à COVID-19”.
Muitas pessoas pensam que o fundo do mar é um deserto. A olho nu, parece que não existe nada lá, mas as fontes hidrotermais têm uma notável diversidade de micróbios, incluindo diversidade genética, e é lá que reside esse enorme potencial.
O meio ambiente protege e ajuda a humanidade
As soluções para os problemas que ameaçam a humanidade podem vir do meio ambiente. Portanto, a humanidade deve se esforçar, agora mais do que nunca, para proteger o oceano, em vez de sufocá-lo com resíduos e plástico. A “saúde” do oceano é afetada pelas atividades humanas, mas é também uma ameaça para a humanidade.
“Ano após ano, a relação entre saúde humana e saúde oceânica é cada vez mais evidente. Cada vez mais são realizadas pesquisas que usam substâncias produzidas por organismos marinhos como tratamentos para doenças como câncer e Alzheimer. Por esse motivo, todos devem estar na vanguarda da batalha pela conservação do oceano”, explicou a oceanógrafa.
Robôs buscam recursos “milagrosos”
A maneira como essas descobertas têm sido feitas também é fascinante. Robôs do tipo ROV, controlados por um navio oceanográfico, são usados para ajudar a realizar pesquisas e coletar amostras para estudar e entender as espécies que existem no oceano. “No entanto, as descobertas são mínimas, e ainda há muito a ser explorado. Até agora, apenas três pessoas desceram à Fossa das Marianas; uma delas é James Cameron, diretor do filme ‘Titanic’, que desceu com um torpedo vertical especial. Para um oceanógrafo, a lua é mais conhecida do que as profundezas do oceano”, esclareceu a oceanógrafa.
Para aprimorar e estimular a pesquisa nessa área, as Nações Unidas lançaram a Década Internacional da Oceanografia para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), que fornecerá um marco de ação comum para garantir que a ciência oceânica apoie totalmente as atividades dos países para administrar o oceano de forma sustentável e, para assim, alcançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Este ano, as articulações sobre mudança climática, biodiversidade e oceano global deveriam abordar o destino de um mundo vivo em uma condição crítica. Contudo, a pandemia da COVID-19 está forçando mudanças drásticas no cronograma. A saúde é confirmada como uma prioridade para todos, sem exceção.
A promoção da cultura oceânica (o conhecimento popular sobre a ciência oceânica) está entre os objetivos da UNESCO para a Década Internacional da Oceanografia para o Desenvolvimento Sustentável. Este é outro meio de aumentar a conscientização de todos – adultos e crianças – sobre as questões relativas à proteção do oceano, que atualmente é um aliado contra o vírus e, de forma mais geral, uma riqueza a ser aprimorada também pelo ponto de vista de sua biodiversidade.
Fonte: ONU/Brasil.